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Desde os primórdios os homens buscam o alto de uma montanha sem um motivo aparente. O que leva as pessoas às alturas de um pico? Superação da condição humana? Transcendência? Ou somente a sensação da conquista? Essas são questões tão antigas como a própria humanidade. A montanha sempre esteve presente no imaginário das pessoas em todas as civilizações, através da mitologia que fundamenta e guia a história dos povos.
O Monte Olimpo era a residência dos deuses para os antigos gregos, e através da mitologia, influenciou diretamente toda a cultura ocidental.
No folclore japonês, as montanhas são sagradas e todas possuem uma atmosfera sobrenatural. O Monte Fuji, por exemplo, seria a passagem para o outro mundo. Na mitologia Taoista, os imortais iam viver no cume dos grandes montes. O Monte Roraima, sustenta a morada do Deus Macunaíma.
Onde existir um pico imponente, marcando a paisagem, foi, ou é, para alguns um lugar sagrado ou a morada de um deus.
O fato é que as montanhas causam no homem perplexidade diante de sua natureza descomunal. Instigam a percepção de seu tamanho, insignificante, ínfimo diante da grandeza do mundo e da natureza que o cerca. A montanha simboliza a ruptura entre os níveis, do racional para o imaginário que ilustra os sonhos. Faz a ligação entre o céu e a terra.
Para a filósofa Zelita Seabra, O amor à montanha, naqueles que o sentem, tem raízes profundas.
O ritual de preparação, o ato da subida, a busca pela imensidão faz parte do íntimo de muitos indivíduos, que não se contentam apenas à contemplação. É um momento de introspecção, a viagem se interioriza. O sentimento de subir é indizível, o silêncio é rompido pela respiração ofegante. O cume se aproxima!
O Monte Olimpo era a residência dos deuses para os antigos gregos, e através da mitologia, influenciou diretamente toda a cultura ocidental.
No folclore japonês, as montanhas são sagradas e todas possuem uma atmosfera sobrenatural. O Monte Fuji, por exemplo, seria a passagem para o outro mundo. Na mitologia Taoista, os imortais iam viver no cume dos grandes montes. O Monte Roraima, sustenta a morada do Deus Macunaíma.
Onde existir um pico imponente, marcando a paisagem, foi, ou é, para alguns um lugar sagrado ou a morada de um deus.
O fato é que as montanhas causam no homem perplexidade diante de sua natureza descomunal. Instigam a percepção de seu tamanho, insignificante, ínfimo diante da grandeza do mundo e da natureza que o cerca. A montanha simboliza a ruptura entre os níveis, do racional para o imaginário que ilustra os sonhos. Faz a ligação entre o céu e a terra.
Para a filósofa Zelita Seabra, O amor à montanha, naqueles que o sentem, tem raízes profundas.
O ritual de preparação, o ato da subida, a busca pela imensidão faz parte do íntimo de muitos indivíduos, que não se contentam apenas à contemplação. É um momento de introspecção, a viagem se interioriza. O sentimento de subir é indizível, o silêncio é rompido pela respiração ofegante. O cume se aproxima!
Por que o ser humano é tomado pela inquietude, por essa ânsia de buscar o encanto no desconhecido?
O Escritor Jon Krakauer, cita as encenações grosseiras em filmes e metáforas banais ao que o tema se presta, no excelente livro “Sobre homens e Montanhas”. Lembra ainda a interpretação equivocada de alguns psicanalistas que nunca romperam os limites de um consultório.
A palavra “montanhismo”, na concepção do público contemporâneo, causa a mesma repulsa da idéia de estar diante de tubarões ou abelhas assassinas. Porém, o êxtase das alturas está ligada ao ser humano, incontestavelmente, como a experiência de algo sublime, que nos permite enxergar e sentir que fazemos parte de um todo muito maior, que nunca vamos compreender.
O Escritor Jon Krakauer, cita as encenações grosseiras em filmes e metáforas banais ao que o tema se presta, no excelente livro “Sobre homens e Montanhas”. Lembra ainda a interpretação equivocada de alguns psicanalistas que nunca romperam os limites de um consultório.
A palavra “montanhismo”, na concepção do público contemporâneo, causa a mesma repulsa da idéia de estar diante de tubarões ou abelhas assassinas. Porém, o êxtase das alturas está ligada ao ser humano, incontestavelmente, como a experiência de algo sublime, que nos permite enxergar e sentir que fazemos parte de um todo muito maior, que nunca vamos compreender.
O Brasil é um país extenso, conhecido por suas belas praias e pela maior floresta tropical do mundo. No entanto, além de dunas, ilhas, rios e florestas, mesmo sendo um lugar de escassas altitudes, existe um Brasil imponente em sua magnitude, e ainda muito pouco conhecido.
As montanhas brasileiras são excessivamente baixas, se comparadas aos grandes picos andinos que ultrapassam os 6 mil metros, ou os gigantes nevados do Himalaia, que se espicham a mais de 8 mil metros de altitude. No entanto, elas têm suas peculiaridades. Em lugares distintos surgem sobre a forma de grandes muralhas, seja na Mantiqueira ou Caparaó, a espreita, margeando grandes centros ou nos confins do nosso território, cercado por matas densas e inacessíveis, sobre a Serra do Imeri, no extremo norte do país. Sobressaem-se, sempre, roubando a cena, se espichando e rompendo as nuvens em direção aos céus.
No texto que segue, escolhi 11 montanhas que figuram entre as maiores do país. Na verdade, fazem parte de listas que divergem uma das outras e instigam discussões sobre quais podem ser consideradas realmente um pico e as que apenas compõem cumes secundários de uma mesma montanha. Existem estudos que elegem, no Caparaó, outros dois picos sem nome, no grupo das grandes montanhas brasileiras. O Pico do Calçado, na Serra do Caparaó, também fomenta discussão. Com o passar dos anos, medições têm sido refeitas, especialmente a partir do projeto “Pontos Culminantes” do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, voltado para a conferência e revisão das medidas, que começou em 2001, um trabalho ainda em andamento. Com isso, listas serão refeitas e classificações sobre as porções mais altas do País serão retomadas, fazendo das medidas existentes referências de uma verdade transitória e não absoluta.
Nesse sentido, a seleção que segue é muito mais simbólica do que pautada por um rigor científico e pretende se oferecer como um convite aos apaixonados pelos desafios, pela liberdade e pelas peculiares experiências propiciadas pelos desejados cumes.
Nesse sentido, a seleção que segue é muito mais simbólica do que pautada por um rigor científico e pretende se oferecer como um convite aos apaixonados pelos desafios, pela liberdade e pelas peculiares experiências propiciadas pelos desejados cumes.
1ª - Pico Da Neblina – Serra do Imeri AM – 2.993 m
A neblina ofusca a visão e oculta a paisagem, lembrando que a denominação é pura alusão ao fenômeno A probabilidade de vê-lo é pequena, já que o pico faz jus ao nome e se apresenta envolto em sua neblina quase eterna ao longo do ano. Para se atingir o ponto culminante do país a tarefa é árdua, afinal são cerca de 10 dias, enfrentando batalhões de insetos, calor, frio, fome e cansaço rumo ao topo do Brasil. A história começa em São Gabriel da Cachoeira, cidade às margens do Rio Negro, perto da divisa com a Colômbia. De lá são cerca de 5 horas chacoalhando sobre a carroceria de um caminhão pela barrenta BR-307, passando pela inspeção da FUNAI a estrada segue pela reserva indígena do Balaio, região habitada por diferentes etnias, entre elas Tukános, Desána, Yepamashã, Kobéwa, Tuyúka, Pirá-Tapúya, Baníwa, Baré e Tariáno, até atingir o rio Ya-Mirim, para iniciar uma nova e extenuante jornada de dois dias sobre uma voadeira vencendo rios traiçoeiros, que já vitimaram algumas embarcações tombadas pelas pedras ocultas sob as águas barrentas.
Para não ter sérios problemas com os índios, é fundamental uma autorização da AYRCA(Associação Yanomami do Rio Cauaburís e Afluentes), documento liberado pelo presidente da associação e amplamente debatido com as lideranças indígenas, que questionam os motivos e intenções da expedição.
A área fica na Tríplice fronteira (Brasil/Venezuela/Colômbia) e freqüentemente é alvo de exploração clandestina de minérios, garimpo, biopirataria além da eminente proximidade dos vizinhos guerrilheiros das F.A.R.C.
O parque nacional do Pico da Neblina foi criado na década de 70, sobre terras Yanomami, que tiveram sua área recentemente demarcada. Com sua cultura milenar, os indígenas lutam bravamente para defender seu espaço sagrado e manter a soberania sobre seu território.
No terceiro dia é hora de deixar o barco. Começa a caminhada por ladeiras sombreadas por mata primária, do Igarapé do Tucano em direção ao Bebedouro Velho, local do próximo pernoite. A umidade é um dos piores adversários, penetrando nas frestas mais protegidas dos equipamentos. No outro dia segue-se ao bebedouro novo e as pegadas de onça mostram que os felinos estão à espreita. O calor beira o insuportável, e a chuva é presente em toda caminhada. No dia seguinte, o terreno começa a se modificar vagarosamente e o caminho de terra, folhas e lama dá lugar a musgos e liquens, formando um tapete traiçoeiro e escorregadio pelo infindável aclive pedregoso. As árvores altas sedem espaço a vegetação de altitude. Bromélias e orquídeas ornamentam o caminho e mostram as diferentes faces de uma Amazônia pouco conhecida. No dia do ataque ao cume, são cerca de 1000 metros a vencer. Os músculos tensos sentem, a pele marcada pelas folhas cortantes faz lembrar, porque o Parque Nacional do Pico da Neblina é considerado um dos lugares mais inóspitos e hostis do planeta. A geografia se transforma abruptamente e o jardim jurássico de bromélias e raízes dá lugar ao caminho rochoso, abrasivo e firme. O auxílio de cordas é inevitável para romper os últimos abismos que separam o viajante do Pico da Neblina, que resume-se a alguns metros quadrados, que passam dias a fio sem um único raio de sol, com uma bandeira do Brasil gritando freneticamente aos caprichos do vento. É bem provável enfrentar dias difíceis dentro da mata, para não se ver nada além da Neblina. Entretanto, não é o cume o tempero principal dessa jornada. O caminho, o desafio de vencer as limitações físicas e emocionais faz dessa empreitada algo para poucos. O topo do Brasil está conquistado!
Para não ter sérios problemas com os índios, é fundamental uma autorização da AYRCA(Associação Yanomami do Rio Cauaburís e Afluentes), documento liberado pelo presidente da associação e amplamente debatido com as lideranças indígenas, que questionam os motivos e intenções da expedição.
A área fica na Tríplice fronteira (Brasil/Venezuela/Colômbia) e freqüentemente é alvo de exploração clandestina de minérios, garimpo, biopirataria além da eminente proximidade dos vizinhos guerrilheiros das F.A.R.C.
O parque nacional do Pico da Neblina foi criado na década de 70, sobre terras Yanomami, que tiveram sua área recentemente demarcada. Com sua cultura milenar, os indígenas lutam bravamente para defender seu espaço sagrado e manter a soberania sobre seu território.
No terceiro dia é hora de deixar o barco. Começa a caminhada por ladeiras sombreadas por mata primária, do Igarapé do Tucano em direção ao Bebedouro Velho, local do próximo pernoite. A umidade é um dos piores adversários, penetrando nas frestas mais protegidas dos equipamentos. No outro dia segue-se ao bebedouro novo e as pegadas de onça mostram que os felinos estão à espreita. O calor beira o insuportável, e a chuva é presente em toda caminhada. No dia seguinte, o terreno começa a se modificar vagarosamente e o caminho de terra, folhas e lama dá lugar a musgos e liquens, formando um tapete traiçoeiro e escorregadio pelo infindável aclive pedregoso. As árvores altas sedem espaço a vegetação de altitude. Bromélias e orquídeas ornamentam o caminho e mostram as diferentes faces de uma Amazônia pouco conhecida. No dia do ataque ao cume, são cerca de 1000 metros a vencer. Os músculos tensos sentem, a pele marcada pelas folhas cortantes faz lembrar, porque o Parque Nacional do Pico da Neblina é considerado um dos lugares mais inóspitos e hostis do planeta. A geografia se transforma abruptamente e o jardim jurássico de bromélias e raízes dá lugar ao caminho rochoso, abrasivo e firme. O auxílio de cordas é inevitável para romper os últimos abismos que separam o viajante do Pico da Neblina, que resume-se a alguns metros quadrados, que passam dias a fio sem um único raio de sol, com uma bandeira do Brasil gritando freneticamente aos caprichos do vento. É bem provável enfrentar dias difíceis dentro da mata, para não se ver nada além da Neblina. Entretanto, não é o cume o tempero principal dessa jornada. O caminho, o desafio de vencer as limitações físicas e emocionais faz dessa empreitada algo para poucos. O topo do Brasil está conquistado!
LABIRINTOS FLUVIAIS - Caminhos intrincados e labirintos fluviais dificultam a navegação para se atingir o Pico da Neblina e o 31 de Março. Foto: André Dib | |
2ª - Pico 31 de Março – Serra do Imeri(AM) – 2.972m
A data é para ser esquecida! 31 de março de 1964 foi o dia em que culminou o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart e deu início aos anos negros da ditadura no nosso país. O segundo cume mais alto do Brasil foi conquistado no mesmo ano negro, por uma expedição militar, que, provavelmente batizou o pico assim para homenagear o feito catastrófico... Bom, mas essa já é passado.
O Pico fica na Serra do Imeri, bem perto do Neblina e pode ser considerado um cume secundário da montanha mais alta do Brasil, pois se encontra no mesmo maciço. Mais aplainado que o vizinho gigante, o 31 de março pode ser alcançado a partir do cume do próprio Neblina através de uma crista que liga as montanhas em pouco mais de 600 metros. No entanto vale lembrar que após conquistar os dois cumes a missão ainda não estará cumprida. É preciso voltar, em extenuantes 4 dias pelo mesmo caminho, até São Gabriel da Cachoeira. Se não conseguir vislumbrar a paisagem lá do alto, ao menos, o perrengue estará garantido.
AURORA - A trilha até o Pico da Neblina é feita à noite, para se alcançar o cume com um belo nascer do sol. Foto: André Dib | |
3ª - Pico da Bandeira – Serra do Caparaó – MG/ES - 2.891 m (EU FUI)
A mais acessível entre as grandes montanhas brasileiras, já foi considerada a maior do país. No século 19, D Pedro II determinou que cravassem uma bandeira do império dando origem ao nome, onde seria, supostamente o ponto culminante do Brasil. Quase dois séculos depois, essa marca foi desmistificada, no entanto, a imponência de sua forma e a grandiosidade das montanhas na divisa dos dois estados, Minas e Espírito Santo, nos revela um país em sua face menos conhecida. Bem próximo ao litoral Capixaba, a serra do Caparaó, que é uma ramificação da serra da Mantiqueira, inspira aventureiros a embrenhar-se pelos escarpados e despenhadeiros na busca pela imensidão vista do cume. O parque nacional do Caparaó, que foi criado no início da década de 60 é uma das áreas de mata atlântica mais representativas do território capixaba, formado também por campos de altitude. A região foi palco da guerrilha do Caparaó, um movimento armado de esquerda que desafiou o regime militar no final da década de 60, sendo desmantelada no ano seguinte do seu surgimento. No entanto, é de calmaria que se inspira os moradores mais próximos, onde a vida das pessoas continua a mercê dos costumes do passado e da tranqüilidade do interior. A ascensão ao Pico da Bandeira é feita por trilha tecnicamente fácil, onde não é necessário o auxílio de cordas, porém, o desnível é evidente. A trilha pode ser vencida pelas primeiras horas da madrugada, para ver o nascer do sol do alto do cume, quando os primeiros raios atingem a cadeia montanhosa e justificam todo o esforço num espetáculo único em um dos pontos culminantes do país. A jornada começa a partir de Tronqueira, último ponto de carro seguindo para o Terreirão à 4,5km de distância, onde pode-se acampar. De lá ataca-se o cume por trilha bem marcada, sinalizada com setas amarelas pintadas na rocha que dão a direção. Para quem optar pela subida noturna, é indispensável o acompanhamento de guia, pois a sinalização é ocultada pela escuridão. Lanterna frontal (de cabeça), e pilhas sobressalentes são itens obrigatórios para a subida. Força de vontade e um bom preparo físico são indispensáveis. O frio também é um fator considerável, pois a temperatura atinge facilmente marcas negativas e as rajadas de vento fazem da empreitada algo desconfortável e extenuante.
FORMAS PERFEITAS - Do Pico do Calçado, avista-se o Pico do Cristal, uma montanha com formas perfeitas. Foto: André Dib | |
4ª - Pico do Calçado - Serra do Caparaó – MG/ES - 2.849 m ((EU FUI)
No Maciço do Caparaó, em outro escarpado da mesma montanha do Pico da Bandeira, encontra-se o Pico do Calçado. Há quem diga que a montanha é um cume secundário da mesma montanha, separados por uma caminhada de 15 minutos sobre uma aresta que liga os dois picos. Do cume se avista o Pico do Cristal, um dos mais belos do país. O parque é um dos mais visitados do Brasil e é cortado por trilhas que permeiam os gigantes de pedra. Até 2004 o Pico do Calçado não constava entre os 10 maiores picos do país, somente após a nova medição feita pelo IBGE, no projeto “Pontos culminantes do país” a nova medida foi aferida, colocando o Pico do Calçado em 5° lugar. É claro que essas medidas serão refeitas, e a nova lista provavelmente mudará a ordem das coisas. Já existem estudos que remetem outros cumes ainda não nomeados a lista das grandes montanhas brasileiras. Por tanto, independentemente da sua ordem numérica, o Calçado figura a extensa cadeia de montanhas, no ponto mais elevado do Sudeste brasileiro, e sem dúvida em um dos mais belos.
SERRA FINA - A Pedra da Mina integra o maciço da Serra Fina. Uma boa opção é pernoitar no cume para vislubrar a paisagem. Foto: André Dib | |
5ª - Pedra da Mina – Serra Fina – MG/RJ/SP - 2.798 m (EU FUI)
Uma trilha complicada, em um dos lugares mais inacessíveis da Mantiqueira. A Pedra da Mina integra o maciço da Serra Fina, que guarda em seus caminhos intrincados uma das travessias mais difíceis do Brasil. Existem algumas trilhas para se atingir o cume. O primeiro caminho aberto, foi pela cidade de Passa Quatro MG, na fazenda Serra Fina, num bairro conhecido como Paiolinho. Além dessa rota existem outras 3, uma pela Toca do Lobo, saindo da mesma cidade, outra por Itamonte através da fazenda Engenho da Serra, e ainda, uma menos conhecido saindo da cidade de Queluz. Optamos por fazer a trilha pioneira. O caminho começa por entre árvores altas em meio a mata fechada, passando por alguns riachos, seguindo sempre para o alto. Vale lembrar que as previsões climáticas são imprecisas nas alturas, pois a montanha dita a lei que rege o tempo por ali. A subida se encorpa e aos poucos, afloram-se rochedos que dominam a paisagem. Nesse momento entra-se nos campos de altitudes, e o caminho não dá trégua, a escassez de água torna a jornada ainda mais extenuante. A vegetação é composta por florestas ombrófilas mistas, localizadas acima dos 1000 metros de altitude e vegetação de altitude. O clima se caracteriza por verões bastante úmidos e curtos períodos de seca. Mesmo para montanhistas experientes, um GPS é de grande valia, já que os nevoeiros são constantes, e as referências visuais se perdem entre a atmosfera brumosa, atrapalhando a navegação. Seguindo os totens que marcam o caminho, e após vencer o aclive abrupto, avista-se o grande cume com seus 2797m. Até o ano 2000, a Pedra da Mina era considerada, oficialmente, mais baixa que o Pico das Agulhas Negras. Após nova medição, realizada através de uma expedição de dois dias, feita por pesquisadores do departamento de Geografia da USP, a montanha passou a ser considerada a 4ª montanha mais alta do País e a mais alta da Mantiqueira, superando a vizinha Agulhas Negras. No cume da montanha a vegetação é formada unicamente por espécies herbáceas e arbustivas, adaptadas às baixas temperaturas e aos ventos constantes.
Uma boa opção, é acampar no topo, apesar do frio. Pela noite a temperatura, seguida de ventos, despenca, mas nada que atrapalhe uma boa conversa ao redor das barracas. Uma dose de rum ou um gole de vinho também é uma boa opção para espantar o frio. É possível avistar as luzes de dezenas de cidadezinhas ao redor. Pela manhã, o nascer do sol contrasta as paredes de pedra dos vizinhos gigantes de Itatiaia, e faz da Pedra uma das vistas mais impressionantes da Mantiqueira.
Uma boa opção, é acampar no topo, apesar do frio. Pela noite a temperatura, seguida de ventos, despenca, mas nada que atrapalhe uma boa conversa ao redor das barracas. Uma dose de rum ou um gole de vinho também é uma boa opção para espantar o frio. É possível avistar as luzes de dezenas de cidadezinhas ao redor. Pela manhã, o nascer do sol contrasta as paredes de pedra dos vizinhos gigantes de Itatiaia, e faz da Pedra uma das vistas mais impressionantes da Mantiqueira.
AGULHAS - É preciso muito equilibrio ousadia e força de vontade paea se atingir o Pico das Agulhas Negras, monto mais alto do Parque Nacional do Itatitaia. Foto: André Dib | |
6ª - Pico das Agulhas Negras – Parque Nacional Itatiaia –RJ - 2.792 m (EU FUI)
Grandes lanças sulcadas na pedra irrompem o horizonte na forma de agulhas negras apontando para o céu. A beleza de suas formas esculpidas pela ação dos ventos e a imponência de sua altura chamam a atenção de quem visita a parte alta do Parque Nacional do Itatiaia, o mais antigo do Brasil. Existem duas trilhas mais utilizadas para se chegar ao cume do Pico das Agulhas Negras, a “Via Pontão”, mais fácil e usada pela maioria das pessoas, e que assim mesmo exige bom preparo físico, equilíbrio e uma boa porção de coragem para vencer o último trecho. É preciso atravessar agachado por pequenos corredores espremidos entre as pedras, e pendurar-se em agarras de rochas para vencer os últimos metros. Para assinar o livro, que está em outra torre de pedra próximo ao cume, é preciso vencer um abismo, que a separa do pico com o auxílio de corda, e escalar um trecho íngreme e escarpado para atingir a caixa metálica que resguarda o livro de assinaturas e que está postada no cume oficial da montanha. Uma outra via, menos usual e mais técnica é conhecida como “Via Útero”, subindo por uma grande fenda rumo ao cume. No entanto a montanha possui várias vias para os escaladores mais ousados e algumas rotas que nem foram conquistadas ainda. Do cume avista-se o maciço das Prateleiras, o Morro do Couto, o vale do Paraíba, o vale do Aiuruoca e mais a frente a Serra Fina, que faz valer o esforço, numa visão de 360 graus. Foi ali, nos gigantes do Itatiaia que, supostamente, surgiu o montanhismo brasileiro e que ainda hoje tem a capacidade de nos revelar muitos segredos.
7ª - Pico do Cristal – Serra do Caparaó - MG - 2.769 m (EU FUI)
Uma montanha de formas perfeitas, assim é definida pela maioria dos montanhistas. A origem do nome pode ser notada em noite de lua cheia. Os cristais de quartzo que afloram na superfície, ganham brilho à luz da lua, em um fenômeno natural de rara beleza. A montanha fica na mesma porção do Pico Calçado e do Pico da Bandeira, compondo o maciço do Caparaó. Porém seu acesso é um pouco mais técnico, passando por trechos expostos e exigindo algumas “escalaminhadas”. Nada que não possa ser vencido com alguma insistência, e um pouco de ousadia. A presença de um guia, para quem não tem muita experiência, é indispensável. A maneira mais prática de se conhecer a montanha é na descida do Pico da Bandeira. A trilha é um pouco fechada no início, clareando na chegada de um grande platô marcado por totens. Será preciso saltar por entre pedras soltas e usar as mãos para ascender na trilha. Existem 2 rotas conhecidas para o Cristal, para o Calçado e o Pico da Bandeira. A trilha Capixaba menos frequentada, e a mais usual, por Minas Gerais.
8ª - Monte Roraima – Parque Nacional do Monte Roraima (RR) – 2.734 m
Diante dos olhos, pairam soberanos os Tepuis, grandes montanhas com os topos aplainados em forma de platô. Composto por um dos cenários mais antigos e exóticos do planeta, o Roraima faz parte dessa cadeia de montanhas, e está situado no extremo norte, entre o Brasil a Guiana e a Venezuela. Na realidade, do grande cume com cerca de 90km² , apenas 10% está do lado brasileiro, e para subi-lo, é preciso atravessar a fronteira para a Venezuela, já que os grandes paredões de arenito são inacessíveis para nós, simples mortais. Porém, há registros de escaladores que enfrentaram dias de expedição, escalando e dormindo pendurados nos rochedos para vencer a grande muralha vertical, de 1000 metros de altura em sua natureza friável. A jornada começa, à partir da aldeia indígena Parai-Tepui, e pode durar de 5 a 8 dias, dependendo do roteiro. Para se alcançar a outra borda e conferir o lado brasileiro, é preciso escolher o roteiro mais longo. Caminha-se no primeiro dia, cerca de 4 horas até o acampamento do Rio Tek, aos pés do Monte Kukenán.
O segundo dia de caminhada começa após a travessia do rio Kukenán. É uma ladeira interminável, que aos poucos vai se acentuando. A extensão a percorrer é menor, mas a subida dura é o único caminho a seguir, até se alcançar o sopé do monte.
No terceiro dia, é preciso encarar a rampa do Roraima, como é conhecida. É um aclive no sentido real da palavra, projetando-se sobre o flanco da escarpada parede alaranjada. Trata-se da única via para o cume, um degrau formado pelo desmoronamento das camadas mais superficiais de arenito, compondo uma grande escada de pedras soltas. A alternativa foi descoberta pelo botânico inglês Everard Im Thurn, consagrado como o primeiro a pisar no topo, em 1884, após muitas tentativas ao redor do tepui. Os relatos de Im Thurn inspiraram o escritor Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, a escrever O Mundo Perdido.
Já no topo da montanha, a atmosfera misteriosa rouba a cena, estimulando a imaginação diante de ‘gigantes de pedra’ que se espicham até as nuvens. Como sentinelas metamórficos, aqueles mesmos rochedos testemunharam o Período Jurássico e assistiram ao lento afastamento da América do Sul em relação à África, após a cisão do antigo super continente denominado Gondwana. Os hotéis, como são chamados pelos índios, são abrigos ou cavernas de pedras que servem como proteção da chuva e dos ventos. As plantas formam pequenos jardins, agarrados ao substrato pobre e ralo na superfície das rochas. São populações únicas de plantas carnívoras, orquídeas e bromélias, muitas delas exclusivas daquele ambiente. O primitivo tepui nos leva, definitivamente, a outra dimensão. Entretanto o caminho até o lado brasileiro é longo. Passa-se por El fosso, enigmática depressão sobre o platô, com um grande e profundo poço embutido, onde o chão desaba subitamente. Mais adiante chega-se a tríplice fronteira. O marco indica o lado brasileiro que se deve seguir. A partir dali, pisa-se em terreno pouco explorado, rumo ao desconhecido, já que a maioria das pessoas voltam a partir do marco fronteiriço. Segue-se por trilhas pouco visíveis até o hotel Coati, já no lado brasileiro. É uma caverna singular, esculpida pela água e pelo vento, que foram sulcando pacientemente as paredes e compondo formas diversas na rocha.
Em sua arquitetura excêntrica, forjada por milhões de anos, o tepui termina, ao Norte, com uma incrível saliência pontiaguda, semelhante à proa de um barco. Para se atingir o extremo norte do monte, é preciso vencer uma seqüência impressionante de grandes rochas e algumas gretas profundas, essa face é quase inacessível. Mesmo depois da conquista do topo por Conan Doyle, ainda levou quase um século para exploradores e aventureiros atingirem tal ponto. A façanha foi realizada em 1973 por uma equipe de alpinistas britânicos, liderados por Joe Brown.
Os tempos são outros, e apesar do aumento frenético de turistas que buscam as antigas trilhas dos índios que reverenciavam o Deus Macunaíma, os mitos ainda ecoam nos vales que entremeiam os tepuis, seja nas lendas vividas pelos pemons, ou na introspecção a que o monte nos remete. Revelando-nos um encontro com o próprio ser e com a origem da vida.
O segundo dia de caminhada começa após a travessia do rio Kukenán. É uma ladeira interminável, que aos poucos vai se acentuando. A extensão a percorrer é menor, mas a subida dura é o único caminho a seguir, até se alcançar o sopé do monte.
No terceiro dia, é preciso encarar a rampa do Roraima, como é conhecida. É um aclive no sentido real da palavra, projetando-se sobre o flanco da escarpada parede alaranjada. Trata-se da única via para o cume, um degrau formado pelo desmoronamento das camadas mais superficiais de arenito, compondo uma grande escada de pedras soltas. A alternativa foi descoberta pelo botânico inglês Everard Im Thurn, consagrado como o primeiro a pisar no topo, em 1884, após muitas tentativas ao redor do tepui. Os relatos de Im Thurn inspiraram o escritor Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, a escrever O Mundo Perdido.
Já no topo da montanha, a atmosfera misteriosa rouba a cena, estimulando a imaginação diante de ‘gigantes de pedra’ que se espicham até as nuvens. Como sentinelas metamórficos, aqueles mesmos rochedos testemunharam o Período Jurássico e assistiram ao lento afastamento da América do Sul em relação à África, após a cisão do antigo super continente denominado Gondwana. Os hotéis, como são chamados pelos índios, são abrigos ou cavernas de pedras que servem como proteção da chuva e dos ventos. As plantas formam pequenos jardins, agarrados ao substrato pobre e ralo na superfície das rochas. São populações únicas de plantas carnívoras, orquídeas e bromélias, muitas delas exclusivas daquele ambiente. O primitivo tepui nos leva, definitivamente, a outra dimensão. Entretanto o caminho até o lado brasileiro é longo. Passa-se por El fosso, enigmática depressão sobre o platô, com um grande e profundo poço embutido, onde o chão desaba subitamente. Mais adiante chega-se a tríplice fronteira. O marco indica o lado brasileiro que se deve seguir. A partir dali, pisa-se em terreno pouco explorado, rumo ao desconhecido, já que a maioria das pessoas voltam a partir do marco fronteiriço. Segue-se por trilhas pouco visíveis até o hotel Coati, já no lado brasileiro. É uma caverna singular, esculpida pela água e pelo vento, que foram sulcando pacientemente as paredes e compondo formas diversas na rocha.
Em sua arquitetura excêntrica, forjada por milhões de anos, o tepui termina, ao Norte, com uma incrível saliência pontiaguda, semelhante à proa de um barco. Para se atingir o extremo norte do monte, é preciso vencer uma seqüência impressionante de grandes rochas e algumas gretas profundas, essa face é quase inacessível. Mesmo depois da conquista do topo por Conan Doyle, ainda levou quase um século para exploradores e aventureiros atingirem tal ponto. A façanha foi realizada em 1973 por uma equipe de alpinistas britânicos, liderados por Joe Brown.
Os tempos são outros, e apesar do aumento frenético de turistas que buscam as antigas trilhas dos índios que reverenciavam o Deus Macunaíma, os mitos ainda ecoam nos vales que entremeiam os tepuis, seja nas lendas vividas pelos pemons, ou na introspecção a que o monte nos remete. Revelando-nos um encontro com o próprio ser e com a origem da vida.
VISTA DO COUTO - Do alto do Agulhas Negras avista-se o Morro do Couto, um dos mais acessíveis do Parque Nacional do itatiaia. Foto: André Dib | |
9ª - Morro do Couto - Parque Nacional Itatiaia - MG/RJ - 2.680 m
Criado em 1937, o parque Nacional do Itatiaia possui duas portarias que separam a mesma área demarcada em dois ambientes distintos. Na parte baixa, árvores centenárias e vegetação típica de mata atlântica compõem a reserva repleta de cachoeiras e poços ideais para banho, no entanto é na parte alta que se concentra a aventura, a paisagem muda, e as matas dão lugar aos campos rupestres compostos por rochedos de formas variadas e vegetação rasteira que espreitam as grandes montanhas dessa porção extremamente fria do país, que já esteve coberta de neve mais de uma vez.
O Morro do Couto é a primeira montanha que se alcança a partir da portaria do parque, e pode ser vencido em duas horas de caminhada fácil. A montanha é freqüentada por muitos escaladores em busca das diversas vias com variados graus de dificuldade. Outra rota para se atingir o cume, é saindo do Pico das Prateleiras e seguindo pela crista da montanha até o alto. Do topo tem-se uma vista incrível do Pico das Agulhas Negras e da Serra Fina. Apesar de ser um dos parques mais visitados do país, ainda existem várias trilhas inexploradas e vias a serem conquistadas.
O Morro do Couto é a primeira montanha que se alcança a partir da portaria do parque, e pode ser vencido em duas horas de caminhada fácil. A montanha é freqüentada por muitos escaladores em busca das diversas vias com variados graus de dificuldade. Outra rota para se atingir o cume, é saindo do Pico das Prateleiras e seguindo pela crista da montanha até o alto. Do topo tem-se uma vista incrível do Pico das Agulhas Negras e da Serra Fina. Apesar de ser um dos parques mais visitados do país, ainda existem várias trilhas inexploradas e vias a serem conquistadas.
10ª - Pedra do Sino de Itatiaia – Parque Nacional do Itatiaia – 2.670m (EU FUI)
Em meio a paisagem de formas exóticas, no parque nacional do Itatiaia, que significa “Pedra Cheia de Pontas” em Tupi, encontramos uma montanha pouco conhecida no cenário de um dos parques mais visitados do Brasil. Trata-se da Pedra do Sino, com seus 2670 metros. É o terceiro ponto mais alto do parque e está entre as 10 montanhas mais altas do país. Existem várias rotas para se atingir o cume, mas nenhuma delas está bem marcada, devido a pouca freqüência de visitas. A trilha mais conhecida se estende por 12 km, e é preciso subir pela Pedra do Altar, bem próximo ao cume, e descer até a base da Pedra do Sino para, enfim ascendê-la. Por tanto, se trata de uma das ascensões mais extenuantes do parque, tendo que vencer o grande desnível por duas vezes, para se atingir o cume. Suas formas arredondadas no topo, faz com que a montanha se pareça à um grande sino sobreposto ao platô. O desafio físico e a ausência de turistas pelo caminho valem a escolha.
11ª - Pico dos 3 Estados – Serra Fina – 2.665m (EU FUI)
Link da matéria: http://www.extremos.com.br/artigos/AndreDib/091006-As-onze-montanhas-mais-altas-do-Brasil.asp
* Marcações com (EU FUI) existem relatos aqui no meu blog