segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Huayna Potosi - Bolivia

Enfim chegou o grande encontro. Huayna Potosi tem 6.088m

Huayna Potosi - foto tirada da internet
Quem curte fazer trilhas e montanhas no Brasil, todo dia sonha em conhecer um nevado/alta montanha. Como será que vou sair, como o organismo vai agir ?? Essas e outras perguntas ficam martelando em nossas cabeças.

E chegou o grande dia :)


Chegamos em La Paz, ficamos praticamente dois dias fazendo passeios lights e ou compras para se adaptar a altitude e não se cansar muito. Procuramos várias agências, ficamos entre 3 e escolhemos uma que nosso amigo Léo, nos indicou e que tinha abrigo próprio (faz diferença). Huayna Tour na Calle Sagarnaga #398, tel. 245-6717, esquina com a Lhampu. Custou cerca de 900 bolivianos para cada, tudo incluso:

- 3 dias
- Van ida e volta
- Roupas e equipamentos
- Dois refúgios
- Almoço nos 3 dias, Jantar em dois e 2 desayunos
- Guias


mapa
Só levamos uma garrafa de 2l de água e bastante chocolate.


The mountain



cemitério
A van chega até o primeiro refúgio. Ele fica ao lado de uma bela lagoa, estava muito frio e neblina. 


1º Refugio
Por dentro você não sente muito, tem várias bandeiras de outros países, a do Brasil, tinha de uma conterrânea de Itatiba (Lísia). Logo já estávamos na mesa almoçando. Sopa de entrada como sempre.



Hora da sopa




Meia hora depois, estávamos todos vestidos para ir para a neve. Com tudo que tem direito, roupas impermeáveis, botas de plastico, piolets e crampons. O tempo não estava dos melhores. Nevasca e chuva.



trekking de aclimatação
E la fomos nós no meio da neblina, da neve... muita emoção. Andamos por quase uma hora até uma parte com bastante neve, ali o guia nos ensinou a andar na neve, usar os piolets e até escalamos uma parede de uns 20m. Cansou eim !?! e o Frio ?


Aprendendo a escalar na neve


Vídeo na trilha:




Até ali eu estava me sentindo bem na altitude. Só o resfriado que tinha me pegado e o nariz vivia "endubido".


Voltamos para o refúgio, trocamos a roupa e ficamos enrolando até o jantar. Ah claro, minha barriga quase fez eu estrear na neve kkkk por sorte deu tempo de chegar seguro.


Dentro do refúgio, ninguém quis tomar banho. Acendemos a lareira (A calefação prometida pela dona da agência não existia) e ficamos na sala.



curtindo a lareira no 1ºrefugio
Anderson, passou bastante frio. Quase desistiu.

O segundo dia seria de boa. Saída programada do refúgio às 13h. Até lá muito tempo para dormir e comer. Faz parte da adaptação.


Segundo dia

Acordamos no segundo dia, era cedo... fizemos o desayuno. O Anderson levantou melhor e voltamos a dormir até a hora da partida.


Saímos logo após o almoço. A caminhada seria de 5h até o refúgio 2, a 5.300m.





Ficamos preocupados com o tempo no segundo dia, os guias tambem. Mas deu tudo certo, o tempo melhorava e piorava... Deu para prosseguir até o segundo refugio. A subida é brava e estávamos andando na neve. Nesse trecho carregamos as cargueiras com saco de dormir, água, a nossa roupa, os piolets, crampons....

O Willian não conseguia baixar os batimentos cardíacos e resolveu voltar para o refugio 1. O Anderson e o francês seguiam bem. O Fabio acompanhava a Vivi que não estava se sentindo bem porcausa da altitude. Eu estava andando devagar, mas bem.





Chegamos no Refugio 2 por volta das 5h da tarde. Ainda era dia. O tempo começou a limpar para alegria de todos. Deu aquela animada. O Refugio 2 é um caixote de alumínio, forrado, pequeno no meio da neve. 



2º refugio

Vídeo no segundo abrigo:




Para nós era um luxo. Tirando a goteira que caia em mim a noite toda. Tomamos um chá e deitamos. Meia noite tínhamos que estar de pé para o ataque ao cume.


A noite quase ninguém conseguiu dormir. quem conseguiu era acordado. Vivi estava passando bem mal.


Acordamos a meia noite. tomamos um mate de coca, arrumamos nossas mochilas de ataque com agua e chocolate. Até colocar toda aquela roupa e equipo, demorou. Saímos era uma da manhã.





Cada par era amarrado em um guia. Eu fui com o Anderson, amarrado no guia Zé Pequeno, como ele dizia (como o filme).


A noite o céu estava estrelado e a neve também... você anda olhando para a trilha, não enxerga os precipícios, só a neve e aquele monte de brilho. Quando olhava para o lado, você pisava fora da trilha, sua perna imediatamente entrava mais de um metro na neve. muito fofa, devido a nevascas dos dias anteriores.


A trilha até o cume leva entre 6 a 8h depende da velocidade. Aliás que velocidade ? Cada metro que voce sobe, sua perna pesa mais e falta mais o ar. O frio que eu senti no El Misti (sem equipo) para mim agora não era problema. Estava confortável, só o folego que faltava as vezes. É só subida.


No caminho encontramos com alguns grupos.


Depois do desfalques do Willian e da Vivi, foi o Fábio que resolveu abortar devido ao frio que estava passando. Eu sei como é, no El Misti meus dedos congelaram, o raciocínio fica lento. Você quer continuar mas o corpo trava.


O Anderson, o Frances que estava em nosso grupo e eu continuamos.


Mais para frente, o caldo começou a engrossar, tive que escalar no gelo. O guia subiu na frente, fez uma ancoragem, e depois seguiu eu e o Anderson. A altura voce nao ve porcausa da escuridão, mas falta um pouco de respiração e a mão congela.


Tudo novidade para mim. Muito legal.


Quando chegou nos 5.800 e pouquinho, perguntei a altitude para o Zé Pequeno (guia) ele me confirmou e falou que faltavam umas 2h ainda para chegar no cume. Eu vi que estava um pouco lento em comparação aos outros grupos que passaram por mim, já tinha batido meu recorde em montanha, curtido tudo aquilo, resolvi voltar. Depois que o sol nasceu, até deu um arrependimento, mas foi um sonho realizado. Faria tudo de novo.





Na volta, mesmo com a roupa, sua espinha gela de ver aquela montanha branca, os precipícios, os paredões, as pegadas... Estava tão besta que perdi meu case da câmera, ele foi rolando lentamente até um mega buraco. sem chances de alcançar. Daqui um 30 anos, quem sabe alguém não ache.


O Anderson e o Francês continuaram.



Anderson no Cume (foto da camera dele)
Cheguei no refugio 2 suando, incrível como o sol bate e esquenta tudo, mesmo na neve. Fiquei do lado de fora apreciando tudo aquilo.




Depois de 3h chegou o Anderson feliz da vida por ter alcançado o cume. Também curti, alias o rosto de todos era felicidades por estar ali. Agora faltava se juntar ao Willian, seguimos até o refugio 1, descida lenta porcausa da neve, das pedras e dos penhascos...


E lá estava o refúgio 1 sem neblina, com aquela lagoa verde esmeralda fantástica. Willian estava de patrão, banho tomado, sozinho... mesa feita.


Comemos mais uma vez., nos preparamos e em seguida estávamos na van de volta para La Paz.


Menção honrosa a todos meus amigos que me ajudaram com uma grana em La Paz, senão teria voltado antes para o Brasil. Valeu de coração :)


Recomendo esse passeio a todos, mesmo aqueles que não estão preparados, ir até o Refúgio 1 e depois andar e escalar na neve, vale a experiência. O cume faz parte, o conjunto e a experiência são maravilhosos :)


FOTOS: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.10150581044489812.407058.576754811&type=1&l=cda2484bd5


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